A produção de tilápia no Brasil atingiu em 2024 o maior patamar da história: 662.230 toneladas, número que representa um salto de 14,36% em relação a 2023 e consagra a tilápia como a principal espécie da aquicultura nacional, com 68,36% de participação no total de peixes cultivados. Os dados são do Anuário Peixe BR da Piscicultura 2025, publicado pela Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR). Esse crescimento impulsionou o avanço geral da piscicultura, que cresceu 9,2% no ano, totalizando 968.745 toneladas de peixes cultivados — o maior volume registrado nos últimos 10 anos.
Em dez anos, a produção da espécie mais que dobrou, saindo de 285 mil toneladas em 2015 para mais de 662 mil em 2024. O avanço reflete maior consumo interno, investimentos em genética e manejo, e crescimento das exportações. O presidente da Peixe BR, Francisco Medeiros, afirma que a valorização da tilápia no mercado externo também contribuiu para esse desempenho. Em 2024, as exportações brasileiras de peixes de cultivo subiram 102% em volume e 138% em valor, chegando a 13,7 mil toneladas e US$ 59 milhões. Dos Estados Unidos, que compraram principalmente filés frescos e peixes inteiros congelados, vieram US$ 52,2 milhões.
Com esse resultado, o Brasil passou da 8ª para a 4ª posição entre os maiores fornecedores de tilápia aos EUA, assumindo ainda o 2º lugar no segmento de filés frescos, atrás apenas da Colômbia. A suspensão da exigência do Certificado Sanitário Internacional (GSI) pelos norte-americanos foi decisiva para esse avanço, tornando o pescado brasileiro mais competitivo.
A produção de tilápia cresceu em quase todas as regiões brasileiras, com destaque para Mato Grosso do Sul, que teve um aumento de 18,77% (total de 40.500 toneladas, sendo 38.400 t de tilápia), e Minas Gerais, com alta de 18,18% (total de 72.800 toneladas, com 68.700 t de tilápia). O Paraná se manteve como líder nacional, com 250.315 toneladas totais, sendo 245.115 t de tilápia.
Enquanto a tilápia avança, a produção de peixes nativos como tambaqui e pacu recuou 1,81%, fechando 2024 com 258.705 toneladas, o que representa 26,71% da piscicultura nacional. A menor oferta ajudou a sustentar os preços pagos ao produtor. Por outro lado, outras espécies, como carpas, trutas e o emergente pangasius, apresentaram crescimento de 7,5%, com produção de 47.810 toneladas, equivalente a 4,93% do total nacional.
Para 2025, as expectativas são de novos avanços regulatórios, como a tramitação do Projeto de Lei 4.470/2024, que busca simplificar o licenciamento e reconhecer a aquicultura como uma atividade distinta da pesca. Também se espera uma nova alta nas exportações, com foco na reabertura do mercado europeu. Francisco Medeiros conclui que a tilápia é, sem dúvida, a proteína animal que mais cresceu na última década, contribuindo para que a piscicultura brasileira se consolide como um dos pilares do agronegócio nacional.