Um acordo bilionário acabou com o litígio de sete anos e garantiu a volta dos irmãos Joesley e Wesley Batista ao comando da Eldorado Celulose, em Três Lagoas. Após uma guerra nos tribunais e câmaras de arbitragem mundo afora, eles chegaram a um acordo com o indonésio Jackson Widjaja e vão pagar US$ 2,7 bilhões – o equivalente a R$ 15,2 bilhões na cotação comercial desta quarta-feira (14) – para ficar com o controle total da empresa.
O valor representa muito superior ao pago pela Paper Excellence por 49,4% da companhia em 2018 – R$ 3,8 bilhões. Os dois grupos travaram uma briga na Justiça Federal de Mato Grosso do Sul, nos tribunais regionais federais da 3ª e 4ª Região, no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal.
O acordo foi anunciado pelos jornalistas Lauro Jardim, do jornal O Globo, e Mariana Barbosa, do Uol. A J & F deve confirmar a negociação em um comunicado ao mercado ainda nesta semana.
O fim do imbróglio judicial vai destravar a construção da segunda linha de celulose em Três Lagoas. Wesley Batista previu um investimento de R$ 25 bilhões e a geração de 12 mil empregos diretos na fase de construção da segunda fábrica de celulose em Três Lagoas.
Pelo acordo, a empresa sino indonésia deveria assumir 100% da Eldorado. A Paper Excellence chegou a ter vitórias importantes, como na Câmara Internacional de Arbitragem, que determinou a entrega do controle da gigante da celulose para o grupo sino indonésio.
A reviravolta dos irmãos Batista começou com um parecer da Superintendência Regional do Incra em Mato Grosso do Sul. O órgão concluiu que a venda deveria ser anulada porque não foi respeitada a lei de terra para estrangeiros, que condiciona o negócio à aprovação do próprio Incra e do Congresso Nacional.
O TRF4, com sede em Porto Alegre, acatou ação popular e concedeu liminar para suspender a transferência da Eldorado para a Paper. Na semana passada, uma decisão do juiz Roberto Polini, da 1ª Vara Federal de Três Lagoas, foi no mesmo sentido, de que a fábrica de celulose não poderia ser entregue ao comando de um grupo estrangeiro.