Dourados, 15 de Julho de 2025

Carnaval de rua resiste em Dourados, apesar da falta de investimento
Carnaval de rua resiste em Dourados, apesar da falta de investimento
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Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o quanto há de política na celebração do carnaval e o quanto a cultura é um ato de resistência, 2025 veio para confirmar tudo de uma vez. Em meio à celebração de ter um filme brasileiro indicado ao Oscar e vencedor da estatueta como melhor filme internacional, a população brasileira foi às ruas comemorar o carnaval em clima de Copa do Mundo. Em Dourados, cidade do interior de Mato Grosso do Sul, não foi diferente.

O carnaval de rua em Dourados é um símbolo de resistência dos movimentos populares, sociais e sindicais, liderado pela ADUF, sigla que nomeia o Sindicato de Docentes da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Em um cenário de falta de planejamento e investimento no carnaval, no lazer, no entretenimento e na cultura, a realização desse evento nos últimos anos é um verdadeiro ato de coragem e perseverança.

A ausência de um planejamento adequado e de investimentos consistentes no carnaval de Dourados reflete uma realidade enfrentada por muitas cidades do interior de Mato Grosso do Sul e do Brasil. A cultura, o lazer e o entretenimento são frequentemente negligenciados, considerados supérfluos diante de outras demandas. No entanto, é preciso entender que essas áreas são fundamentais para o bem-estar e a qualidade de vida da população.

O carnaval, em particular, é uma manifestação cultural que vai além da festa. Trata-se de um espaço de expressão, identidade e resistência. A falta de apoio governamental e de infraestrutura adequada dificulta a organização e a realização do evento, sobrecarregando os organizadores e limitando o alcance e a participação popular.

Para quem mora no interior, as dificuldades são ainda maiores. A distância dos grandes centros urbanos, onde geralmente se concentram os recursos e as atenções, torna o acesso a eventos culturais e de lazer mais restrito. Em Dourados, a realização do carnaval de rua depende, em grande parte, do esforço e da dedicação de voluntários e dirigentes sindicais que, mesmo sem remuneração para assumir tamanha responsabilidade, se empenham para trazer alegria e integração à comunidade.

Além disso, os moradores dos distritos da Grande Dourados enfrentam desafios ainda maiores. A distância e a falta de transporte adequado dificultam o acesso aos eventos culturais e de lazer na cidade. Muitas vezes, esses moradores precisam percorrer longas distâncias e enfrentar condições precárias de transporte para participar das festividades, o que limita ainda mais sua participação.

Para suprir as lacunas de financiamento e suporte logístico e administrativo, não raras vezes, os movimentos se juntam no estilo “vaquinha” e, para somar no rateio, recorrem a parlamentares sensíveis a essa causa. Nesse contexto, a presença e o apoio dos vereadores, deputadas e deputados da bancada municipal, estadual e federal do Partido dos Trabalhadores de Mato Grosso do Sul (PT/MS) foram fundamentais em 2025 para que este momento de integração e alegria se tornasse possível.

O evento, que foi oficialmente incluído no calendário municipal em 2024, consolidou-se como a principal opção gratuita de festa na cidade. Neste ano, o tema foi “Ainda Estamos Aqui”, em referência ao filme “Ainda Estou Aqui”. O tema capturou perfeitamente o sentimento que tomou conta da praça Antônio João na noite de segunda-feira. Assim como o filme ensina, apesar das adversidades, o carnaval de Dourados permanece firme como um ato de resistência.

O carnaval de rua douradense simboliza a luta dos movimentos populares, sociais e sindicais por um espaço de celebração e expressão da cultura e dos artistas locais. Em tempos difíceis, manter o sorriso e a esperança é uma forma de enfrentar as adversidades e afirmar nossa humanidade.

Ah, e, por fim, um lembrete para você que nos lê: precisamos de políticos e agentes públicos que compreendam a cultura como um direito fundamental das pessoas e que trabalhem para a sua valorização. Isso começa pela escolha dos nossos representantes e também passa pela pressão popular por investimento e políticas públicas.

Nós vamos sorrir. Sorriam!

Fonte: Folha de Dourados

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